Dia 14/52

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(Dia 14) Um clássico é um clássico, mas um clássico às vésperas do Ano Novo na Cidade Maravilhosa talvez seja especialmente desafiador… Convictos de que é importante as crianças conhecerem e, se possível, vivenciarem os cartões postais do seu entorno, fomos hoje de amanhã ao Corcovado, e saímos todos animados, apesar do calor. Pegamos biscoitos, bonés, conversamos sobre o monumento, sobre outros tantos que já vimos por aí, se são maiores, menores, porque foram construídos, como são importantes símbolos para as cidades e os países, e o menino e o pequetito já estavam ansiosos pra conhecer o bondinho que nos levaria pela floresta acima, quando sentamos apertadinhos nos nossos bancos. O menino ficou na janela, de onde não tirou o olho, e o irmão foi no colo, falando baixinho sobre o quanto é alto, e “não acredito que vai subir mais ainda”! Subiram as escadas que lhes cabia relativamente dispostos, e sorriram quando viram o Cristo de costas, ali pertinho, “olha, irmão, como é enorme!” Mas pisamos lá no pátio que contorna a estátua juntos com muitas centenas de pessoas e, impactados pela superpopulação, os meninos fecharam a cara, perderam a esportiva, “não quero tirar foto, por que essas pessoas estão deitadas? Eu quero ir embora!” Eu compreendo. Sem um metro quadrado pra chamar de nosso, com a sombra e os bons ângulos sendo arduamente disputados, a gente mal conseguiu mostrar a eles o que a gente queria, e nem tirar uma foto boa, nem contemplar direito aquela beleza. A gente fez o que pode. Lá pelas tantas, o menino verbalizou o óbvio, me disse que ali tinha “gente demais, e eu não gosto de multidão, gosto do meu espaço”. Pois bem, eu também, mas vamos falar sobre duas verdades: 1. às vezes nosso plano não sai como a gente imaginou. 2. a gente nem sempre tem “nosso espaço livre no mundo” e precisamos aprender a lidar com isso. Ele ouviu com uma cara impaciente, mas quando terminou o biscoito, disse pro irmão: “vem, vamos tentar de novo tirar essa foto, eu te abraço…”