O mundo é seu, meu amor!

Dias atrás uma amiga me falava sobre a dificuldade que vinha enfrentando pra desmamar o filho. Ela se dizia convencida de que estava na hora (e isso é ela quem sabe) e já tinha tentado quatro vezes. Quatro tentativas, quatro desistências. E eu perguntei, então: “mas o que está tão difícil?”. Ela respondeu: “eu não quero que ele chore. Tenho medo que ele sofra...”

Aquilo não saiu da minha cabeça. Fiquei horas pensando sobre a dor dela e imaginando se ela, de fato, acha possível evitar o choro e o sofrimento de um filho. Claro que não estou propondo a criação de um curso de treinamento pra dor, não é isso... Mãe defende e sempre defenderá a cria do que há de mais doloroso por aí, mas acontece que nosso poder de fogo é limitado, nesse caso. Muito limitado. Me parece mais inteligente deixar que elas, as crianças, enfrentem suas dores – principalmente quando é dor de crescimento! – e criem, naturalmente, seus cascos.

Um texto que recebi hoje me fez retomar esse pensamento. É um destes textos virais – cuja autoria provavelmente não pode ser levada a sério – mas o que está dito ali me inspira muito. “Amor é um processo de libertação permanente”... “É preciso reprimir o impulso de colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos...” Não que seja fácil... É uma batalha e tanto, considerando que isso passa por derrubar alguns dos mais enraizados preceitos sobre o que é ser mãe...

Desde a minha primeira gravidez tinha em mente que queria dar aos meus filhos segurança pra ganhar o mundo. E isso sempre foi muito natural. Me lembro do prazer que eu sentia, já nos primeiros dias de vida dos bebês, de vê-los, por exemplo, no colo de visitas queridas. Adorava ver como eles se saiam, como se viravam sem mim. Com o primeiro, foi fácil. O menino parece já ter vindo assim: seguro, independente. Não é mérito meu. Meu caçula me traz um desafio maior: embora esteja mais sorridente e leve a cada dia, às vezes parece um carrapatinho e, a cada saída minha, ensaia aquele choro que, não vou negar, é um carinho no coração de qualquer mãe. É como se ele, que ainda não fala, gritasse: “volta aqui, fica comigo o tempo todo porque é só de você que eu preciso!”

Mas não é não. Ele precisa de mim e, espero, me terá sempre por perto, mas o mundo é muito mais que isso. Que fique registrado aqui: farei de tudo o que puder para, com muito carinho e respeito, reverter sua tendência a ficar debaixo da asa. Solta! Voa! O mundo é seu, meu amor!

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