O menino e os três corações

Era manhã, talvez oito, talvez já bem perto de nove, o outono já se fazia indubitavelmente presente, e o pequetito insistia em ficar em pé na cadeirinha que é só dele. E insistia em colocar o pé com a meia gordinha na mesinha, em tentar pegar sozinho um biscoito, depois outro, porque não sabia exatamente qual queria, podia comer os dois, podia não comer nenhum... Já tinha chorado porque não queria leite, nem se fosse quentinho, e a mamãe não queria dar suco de caixinha, queria espremer a laranja, mas isso ele não quer. Quer iogurte então. E quer falar uma coisa:

- Que coisa, filho? Pode falar…
- Mamãe, você mora no meu coração!
- É mesmo? E eu moro com quem?
- Com o papai e o meu irmão.
- Oba! E você, meu amor, onde você mora?
- Em três corações. Eu tenho três casas, então tá?

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