Dia 45/52

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A gente mostra as imagens na tela do telefone, ou num folheto, se tiver, e conta a história, enfeita a narrativa com os elementos que a gente sabe que interessam a eles, e quando identificam no museu, quando colocam os olhos na obra propriamente dita, ali, a poucos metros do próprio nariz, apontam empolgados, se aproximam, nos puxam pela mão, “olha aqui, mãe; vem cá ver, pai”. Quase sempre dá certo. Miró (esse aí da foto) foi o primeiro que identificaram hoje no Reina Sofia, e depois viram Dali, Picasso, mais Miró, quadros, esculturas e umas instalações “muito doidas”. Foram se divertindo juntos diante da curiosa e valiosa oportunidade de ver arte moderna, coisa diferente pros olhinhos já acostumados a figuras mais construídas.

A cada sala que entrávamos enxergavam longe por conta deles, “é uma galinha com corpo de cobra ou uma cobra com cabeça de galinha?”, “mãaaae, uma montanha com nariz de porco!”, “olha, um gigante de 3 olhos e bumbum de mulher!” (Que não nos ouçam os críticos de arte, especialmente os mais sisudos...) Diante de Guernica, Picasso, 1937, umas das obras mais importantes do século passado, o pequetito me contou ao pé do ouvido uma história elaboradíssima, disse que era uma batalha entre o touro e o lobo, e que no fim venceram os dois, e morreram todas as pessoas, “elas ficaram jogadas ali sem cabeça”. Sei, pelo que li, que não era nem touro nem lobo, mas ele talvez não esteja tão errado assim...