Dia 38/52

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Há poucas semanas, estava conversando com uma conhecida sobre os nossos planos de férias, e ela me disse que iria, pela 3ª vez, pra Disney. A justificativa dela pra repetir o destino é o fato de que “é de lá que as crianças gostam. Elas não aproveitam cidades tipo Roma, Paris, Nova York, não adianta, isso é coisa pra adulto.” Obviamente que ela tem direito de ir quantas vezes quiser seja onde for, e eu não tenho nada contra ir à Disney - eu iria, aliás… Mas, com horas e mais horas de diversão em família acumuladas, me dou também o direito de discordar. Hoje acordamos cedo pra aproveitar o dia chuvoso dentro dos Museus do Vaticano, e as razões que tínhamos pra incluir as crianças passam pela oportunidade única de entrar em contato com algumas das obras de arte mais importantes da história, pela chance de abrir o olho, aprender sobre o mundo, e aprender sobre gente, ainda que isso venha eventualmente misturado com tédio e cansaço. 

Minha mãe já tinha dado uma grande contribuição lá no Brasil, na casa dela, quando incluiu na leitura noturna um livro antigo sobre a obra de Michelangelo, e explicou pros meninos que tinha uma parte desse trabalho que eles veriam em breve, na Capela Sistina. Estavam esperando por esse momento. O próprio museu acrescentou a isso um mapa com os “tesouros escondidos”, feito exatamente pra envolver as crianças em meio a tanta arte “para adultos”, e fazer com que cheguem motivadas à reta final. Foram seis horas de passeio, com uma longa parada pro almoço, com tempo pra fotografar gaivotas, pra conversar sobre as obras, pra posar com as estátuas e encontrar (quase) todos os tesouros. Sim, também teve tempo pra reclamações, pra frases dramáticas, pra um pedido repentino pra voltar pra casa, “eu quero jogar joguinho”, mas isso se resolve com um cochilo no colo da mamãe. O que vale é que, no fim, acharam Deus tocando o dedo de Adão no teto da capela (que não pode ser fotografada), fizeram festa pra cada um dos tesouros encontrados naqueles corredores seculares, e descobriram até o mistério maior: em que parte da pintura Michelangelo escondeu seu próprio rosto?