O bebê camaleão e a mamãe ursa

Storyvillegirl via Visual Hunt/CC BY-SA

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Não se trata de uma historia assim tão rara, mas ainda surpreende, pelo menos a mim. Virou o ano e, quando isso acontece, na maioria dos casos, temos novos arranjos nas escolas, ou gente nova nas escolas - e novidade poder doer, a gente bem sabe. Meu bebê, crescido que está, saiu do berçário. Foi pra salinha. Eu me preparei com certa apreensão pra essa mudança porque vínhamos de um período de recesso e porque ele vem se tornando um grande fã da mamãe, por assim dizer. Cada vez mais, estica os bracinhos e pede colo quando percebe que estou pra sair, e supus que ele não curtiria muito a mudança.

No primeiro dia pós recesso, o que encontramos na escola foi diferente do que eu esperava: ao invés de voltar ao berçário para, depois, ir se adaptando à rotina nova, ele deveria ir direto pro novo esquema. Gastei dez minutos da minha vida achando que não ia dar certo. Apresentei a sala nova, mostrei os brinquedos, a professora e fiz o que acho que devo fazer nesses casos - encorajar, com serenidade e segurança. Ele sorriu pra mim e foi brincar. De tarde, achando que ele talvez tivesse passado duas horas chamando “mamã” sem parar, liguei pra saber… “Brincou muito e está dormindo”, me disse a professora. Nos dias que se seguiram, ele resmungou pra entrar, chorou alto duas ou três vezes na hora de me dar tchau, mas me recebeu seguro, alegre e sorridente todas as vezes que fui buscá-lo. Está absolutamente pleno em sua vida nova, assim como está o irmão, que também mudou de rotina, mas se diz “feliz porque agora tem novos amigos”...

Crianças diferentes, em circunstâncias diferentes, reagem de forma diferente, e eu nunca passei por situações mais delicadas. Existem casos e casos. Sei que fomos presenteados com meninos de fácil adaptação aqui em casa e, por isso, melhor pensar duas vezes antes de dizer que, no lugar de fulana ou de ciclana, faria isso ou aquilo e daria tudo certo. Talvez não desse. Mas tenho uma certeza a respeito da novidade: quanto mais receptivos estivermos a ela, mais gentil ela será conosco. Amor não se mede por apego, e criança precisa de segurança, precisa de incentivo e de otimismo. Precisa que os adultos confiem em suas próprias escolhas e que queiram que dê certo, para que, assim, ela se sinta apta a querer também.

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