Dia 50/52

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O barulhinho dele entrando bem devagar pelo quarto, subindo no pé da nossa cama, e se esticando até alcançar pelo menos a pontinha do meu travesseiro tem aparecido cedo, muito cedo. É o calor. Por mais pelado que esteja, por mais que a gente deixe um ventinho nas pernas dele, antes, bem antes das 7h, o pequetito dá as caras, olhos inchados, cabelo todo bagunçado, e se tem uma coisa boa nisso é o tempo de dengo de que passamos a desfrutar antes do "despertador dos adultos" tocar, antes de eu me sentir obrigada a pular da cama e começar a trabalhar na longa lista de afazeres matinais. São alguns minutos de sofrência até conseguir abrir os olhos com firmeza, claro, mas depois disso é tanto cafuné, tanto "mamãe", tanto "papai", tanta doçura, que a gente se esquece de reclamar da temperatura, pelos menos por um instante ou dois. Hoje ainda tentou pegar no sono de novo, com a mão segurando a minha, mas rolou de um lado pro outro, acarinhou o pai, acarinhou a mim, e depois a própria barriga, até que desistiu. Retribuiu a todos os muitos beijos que demos, disse o que ele identifica como sendo "coisas de amor", e depois me pediu pra ver a lista, "a minha lista, mamãe", se referindo à relação dos colegas que vão dividir com ele a iminente aventura do 1º período. Fui lendo Bernardo, Cecília, Davi, Emanuelle, um monte de gente que ele ainda não conhece, e ele nem se preocupa, avisou antes que eu perguntasse: "vou ficar muito amigo de todos". Depois sorriu quando escutou os nomes dos colegas do ano passado, não são muitos, o suficiente pra ele se sentir em casa, pra fazer ficar mais leve a novidade que ele não vê a hora de começar. Rimos em torno disso, fizemos planos, o corredor novo, o segundo andar, a sala grandona, e ele adorou saber, até que a fome apareceu e ele quis lanchar. Chegou a hora em que me sinto obrigada a levantar, e o calor já é intenso logo cedo, mas aí eu já estou lotada de beijos, e já tenho amor combustível pro dia todo…