Dia 8/52

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(Dia 8) Decidi quando vi que ele ia esticando o sono, quase 10h no relógio e nada de o menino dar as caras pro café. Pensei em acordá-lo, "anda, vem aproveitar o dia", depois olhei o verde lá fora, o sol brilhando, a água espelhada do açude, e pensei que não fazia sentido estar num lugar assim, em plenas férias de família, se não fosse pra relaxar. Eu vou deixar a hora pra lá, e esse era um combinado que eu estava fazendo comigo mesma. Saímos da mesa, fomos brincar eu e o pequetito, e um tempo depois o menino apareceu… Estranhou a hora, e eu contei dos meus planos: "você pode fazer o que você quiser". Tá com fome? Pode comer. Quer brincar? Vá. Só precisa de filtro solar e bom senso, ok? Ok! Saiu rindo, sem entender direito o que essa liberdade significava, e comeu alguma coisa enquanto andava na grama, queijo sentado no banquinho de madeira, ovo mexido no colo. 

Precisei lembrar a mim mesma do meu propósito algumas vezes ao longo do dia, porque é poderoso o vício de controlar tudo, mandar comer, mandar não comer, sugerir brincadeiras que até agradam, mas que não vieram deles, pedir pra deixar alguma coisa pra depois, pra não fazer assim, pra chegar mais pra lá… Desta vez a escolha foi quase que só dele, e sem crise, sem exageros. Chegou a dizer que não queria almoçar, mas sem que eu precisasse retrucar comeu um pouco, saiu pra brincar mais, bola, balão, piscina, bicicleta, correr por aí com o irmão. Tinha ao seu alcance uma ducha de água gelada, cheia de pressão, e nem passou perto de manhã, porque "está acostumado com água morna". Depois experimentou um jato junto comigo, rindo de alegria e nervoso, e pediu pra gente voltar duas ou três vezes. Às 7h da noite, com o sol já escondido, saiu correndo por conta dele, tirou a blusa, o short, a cueca, foi de peito aberto, como veio ao mundo, tomar a última ducha do sábado.

Posso deixar o andamento da vida assim quando fevereiro chegar? Não, claro que não, mas está uma delícia este fim de dezembro…